WEB4

A

A, para. Duas preposições que se construem regularmente com os verbos ir, vir, e outros que designão movimento, e servem a formar o seu complemento, mas que indicão, cada uma de per si, differença notavel na intenção do que vai ou vem, ou do que falla na ida ou na vinda.--Ir a, vir a, indica a idéa de pouca demora, ou breve vinda, ou volta. Ir para dá a entender intenção de grande demora, ou longa estada, e ás vezes para sempre, excluindo a idéa de regresso ou volta.--Sai um homem pela manhã de sua casa, vai á praça, ao mercado, á casa de seus amigos, ao campo, etc., e vem á noite para casa; se lhe esqueceo alguma cousa, vem á casa buscál-a, e volta a seus negocios até que se recolhe para seu domicilio.--El-Rei Dom João VI° quando residia em Queluz ia muitas vezes a Mafra, vinha com frequencia a Lisboa; no verão ia para o Alfeite, no tempo das caçadas ia para Salvaterra ou Villa Viçosa, e quando vierão os Francezes a Portugal foi para o Brazil.--Esta distincção entre as duas preposições acha-se autorizada por Vieira na seguinte passagem: "Porque o pai fez uma viagem para as conquistas e nunca mais houve novas d'elle, tomastes por devoção vir os sabbados á Penha de França." (Tom. I dos Serm., pag. 733).--A regra que a este respeito se póde dar é a mesma que se dá em francez para as duas expressões avoir été e être allé, a saber: Todas as vezes que se suppõe regresso ou volta deve dizer ir, vir a, e quando se suppõe estada larga ou não ha regresso ou volta deve dizer-se ir, vir para.


DICCIONARIO DOS SYNONYMOS POETICO E DE EPITHETOS DA LINGUA PORTUGUEZA
por
J.-I. Roquete e José da Fonseca
Livrarias Aillaud e Bertrand
Paris-Lisboa
[1848]

Rutgers University Libraries
PC5327.F676D

Omnipædia Polyglotta
Francisco López Rodríguez
flopez@email.njin.net
flopez@andromeda.rutgers.edu



sqCLOUD22 sqCLOUD5